sábado, 24 de março de 2012

Bahia Agrícola: Região de Irecê

Potencial produtivo dessa área do estado é ignorado pelo governo baiano
João Santana, ex-ministro da Integração Nacional
João Santana*
 Ex-Ministro da Integração Nacional



Temos ainda mais destaque na produção agrícola da região. Nem todos os baianos sabem que a micro-região de Irecê também é a maior produtora de pinha do Nordeste, tendo como lideres os municípios de Presidente Dutra e Uibai. E que pinhas deliciosas!!! Infelizmente para os paladares baianos, a produção é quase que totalmente comprada pelo Estado de São Paulo.
Esta produção, apenas incentivada pela audácia de seus produtores, começa a se ampliar através da irrigação já atingindo outros municípios da micro-região. E o solo? É bastante uniforme, vindo a diferir um pouco daqueles situados mais próximos das barrancas do São Francisco, a exemplo de áreas do município de Xique-Xique.
Todos nós sabemos que, em geral, o solo brasileiro é pobre em fósforo, excetuando-se as “terras negras” dos índios da Amazônia, algumas manchas da região cacaueira da Bahia, e parte considerável da micro-região de Irecê. Lá existem jazidas deste minério precioso praticamente na superfície, “ a céu aberto”, como dizem os velhos garimpeiros.
Voltando às potencialidades da região que envolve 19 cidades e cerca de  450 mil habitantes, produzindo tradicionalmente feijão, mamona, milho, pinha e, mais recentemente cenoura, beterraba e cebola, lavouras que, diante da semi-aridez da região, da falta de crédito, pesquisa e assistência técnica, são produzidas graças à força e à determinação de luta pela sobrevivência praticada por homens e mulheres sertanejos.
Essa região não tem recebido atenção por parte dos governantes estaduais, de agora e do passado recente, que, orientados muitas vezes por paixões políticas locais e tentando iludir as pessoas, ao construírem ao longo de décadas, obras e equipamentos públicos de efeitos eleitoreiros, como verdadeiras esmolas, esquecem o que é produzido nela para o Estado e a União.
Quanto à sua economia, nada. Nenhuma atenção especial. Nenhum projeto de médio ou longo prazo liderado pelo Estado. Nem qualquer medida de curto prazo que mereça acatamento e respeito. Há alguns anos, durante uma exposição agropecuária em Irecê, um Secretário de Estado da Bahia, apresentou ao lado de “deputados copa–do–mundo”, perspectivas de diversificação da produção regional. Foram tão ridículas as mais de vinte opções apresentadas, tão distantes da realidade tradicional dos produtores agrícolas, que deixo de mencioná-las neste artigo, pois, se não temos nenhum compromisso com o trágico, jamais teríamos com o cômico.
Tudo isso, insistimos, dentre outros motivos reside no fato de o Estado da Bahia jamais ter definido seu papel na economia agrícola e, de certo, no dia em que o fizer,  a micro-região de Irecê será vista e contribuirá ainda muito mais do que já tem feito pela economia agrícola do Estado, e para o “estômago” dos baianos.
Oportunamente, em outro artigo, comentaremos sobre o abandono da infraestrutura daquela região, o que aumenta os percalços dos seus produtores na tentativa de sobreviver produzindo.

Fonte:Blog do Geddel

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